sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

1.1 - O começo da história...

O município de Campos dos Goytacazes é o maior do Estado do Rio de Janeiro, possuindo 4.4469 Km2 e uma população de aproximadamente, 500 mil habitantes. Fundada com nome de Vila de São Salvador, em 29 de maio de 1677, foi elevada à categoria de cidade, em 28 de março de 1835.
A Baixada Goitacá, Baixada da Égua ou Baixada Campista marca o início da colonização. A área possui cinco distritos: Goytacazes, São Sebastião, Mussurepe, Tocos e Santo Amaro. Começa em Goytacazes e termina no Farol de São Tomé, mais precisamente em Barra do Furado, que delimita Campos com o município de Quissamã. A história da Baixada se confunde com a história de Campos, que começa com o descobrimento do Brasil, já que no primeiro quarto do século, os portugueses tinham várias colônias na região.
As colônias foram obtidas, em 26 de março de 1539, por Pero Góis e Gil de Góis, através da Capitania de São Tomé. Depois de algum tempo os dois abandonaram a capitania, que mais tarde, em 1629, foi ocupada pelos Sete Capitães, como prêmio por sua luta contra os franceses no Rio de Janeiro. Em seguida vieram os beneditinos e jesuítas, que receberam quinhões de terras por conta da missão católica. A convivência com índios era complicada nessa época, alguns historiadores os julgaram como ferozes, sem religiosidade, ébrios e ladrões. Mas o escritor Júlio Feydit
1 alega o contrário:

“O índio Goitacá sempre deu hostilidade ao fugitivo e ao náufrago que lhe pedia proteção. Era generoso e hospitaleiro para o fraco, mas nunca se esquecia do mal que ele ou os seus recebessem, e sua vingança crescia à proporção do tempo que ele era obrigado a esperar”.

Durante vinte anos os Sete Capitães promoveram o desenvolvimento da região, mas passados algum tempo os grandes latifundiários, como o donatário Salvador Corrêa de Sá e Benevides, começaram a chegar motivados por uma escritura de composição. Os antigos capitães, que deixaram de ser sete (três faleceram), passaram a receber uma pequena parte das terras.
A data de 1648 marca o início da plantação da cana de açúcar em toda planície, iniciando o ciclo na Vila da Rainha e, depois, tomando mais força na baixada, onde começa também no mesmo período o abuso na cobrança dos impostos e pedido de posse das glebas pertencentes à capitania. Para combater esse problema, Benta Pereira, no capítulo conhecido como “As Quatro Jornadas”, liderou um movimento contra os Assecas.
O combate foi rigoroso e eles foram expulsos do lugar. Em virtude disso, o rei de Portugal comprou a Capitania Hereditária e a transformou em Capitania Real.
Por muitas décadas, a economia ficou sendo baseada na agroindústria açucareira. Das onze usinas de açúcar que existiam no município, oito ficavam na baixada: Santo Antônio, Taí, Paraíso de Tocos, Poço Gordo, Sant’Ana, Cambaíba, São José e Baixa Grande. Dessas oito, apenas a São José resistiu à crise que o setor ultrapassou nas últimas décadas
Os primeiros viajantes estrangeiros foram unânimes em comparar a Baixada Campista
2com os Campos Elíseos - “Champs d’Elisée - na cidade de Paris. Já o imortal escritor campista José Cândido de Carvalho diversificou seus romances com personagens e histórias que tiveram como cenário principal o lugar. Em “O Coronel e o Lobisomem”, o coronel era proprietário de terras na baixada, exatamente no distrito de São Sebastião. Num outro romance, “Olha para o céu Frederico”, as brigas pelas terras também se passam na região, no momento da transição entre a economia açucareira dos velhos engenhos para a modernidade das usinas.
Um fato que chama atenção é a riqueza popular encontrada nos distritos e nas localidades, as misturas de influências dos negros e portugueses se transformam nas danças, comidas típicas e na maneira de falar. Algumas festas tradicionais ainda se mantém vivas no espírito do povo até os dias de hoje.
A economia da Baixada Campista foi a grande mola propulsora da região, pois foi no berço da planície, em Campo Limpo
2, que surgiu o primeiro curral para o gado, e a agroindústria açucareira e, há poucas décadas, coincidente com a queda da economia sucroalcooleira, a indústria da cerâmica, que sustentou muitas famílias.
1 “Subsídios para a História de Campos dos Goytacazes”, Ed. Ésquilo, Rio de Janeiro, 1976.
2 Os Sete capitães chegaram à planície através da Barra do Furado e, uma vez na Lagoa Feia, adentraram aos campos limpos e fundaram o primeiro povoado.

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