sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

2.2 - As Cavalhadas

De todas as atrações da festa do padroeiro, a cavalhada é a mais cobiçada, tanto pelos participantes como por espectadores formados por curiosos, professores, pesquisadores e gente do povo. Segue abaixo alguns dos registros encontrados na Biblioteca Municipal Nilo Peçanha, da Prefeitura de Campos dos Goytacazes.

“Uma festa que os participantes consideram “herança recebida para transmitir” (sic), a prática de acordo com os costumes ibéricos antiquíssimos vem desde o século XVIII. No Estado do Rio, realiza-se em dias de santos padroeiros, e não chega a constituir-se em um auto, pois, não há dramatização. Significa, antes, a encenação de justas e torneios medievais. Os grupos se defrontam representando os mouros e cristãos, mostrando o que aconteceu na chamada Guerra Santa, que existiu durante séculos na Europa, mais exatamente na Itália”.

O que deixa a festa ainda mais bonita é o amor com que a comunidade atua de modo a deixar tudo em ordem, tratando todos aqueles que chegam como irmãos. Os relatos mostram esta realidade:

“A total participação e adesão dos moradores é o de mais importante na festa. Não só os cavaleiros, mas também os vizinhos, amigos e filhos, tomam parte da preparação das montarias, e tudo se faz dentro de um clima alegre, mas de inteiro respeito, sem abuso de bebidas, conversas zombeteiras ou uso de palavrões”

Essa tradição ainda cultivada na Baixada encanta os poucos que apreciam, ainda, a importância da cultura popular para o povo, e a predominância das gerações. Essa cultura que está nas constantes pesquisas, nas visitas, quando conversamos com pessoas entranhas que parecem nos conhecer há muito tempo, são nos olhos dessas pessoas que está a chama dessas tradições, já sofrendo os efeitos do mito da destruição (Osborne apud W.Benjamim), mas ainda forte pela relação muito mais que mítica da população com seu santo padroeiro, visto muito mais pela sua transcendência
4.
4 O conceito do professor Emmanuel Carneiro Leão, emérito da UFRJ, assinala que entre a imanência e a transcendência o homem é acometido pelo delírio.

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