sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

5.2.2 - Aceiros de Cana

“A história registra a evolução da humanidade, seus progressos, suas conquistas técnica e social”. Waldir P. Carvalho.

Na história dos antigos trabalhadores nos canaviais de canas é onde encontramos as marcas do Jongo, uma vez que era a dança que fazia a diversão de todos. Era com o Jongo que o cansaço do trabalho era esquecido e a família se reunia em torno da roda.
Na Vila 2, localidade que cresceu em torno da extinta Usina de Outeiro, entre Campos e Cardoso Moreira, mora Eliseu Francisco, 77 anos. Nos pés as marcas dos tempos duros das lavouras de cana, mas na memória as lembranças que ainda dão sentido à vida.

“Quando eu morava e trabalhava na Usina Santa Cruz, dançávamos muito mais. Lá, sim, o tambor era quente. Mas por aqui há muita gente que gosta de dançar até hoje e algumas vezes vamos para Cardoso tocar e dançar lá”.

No bate-papo descontraído, Eliseu contou do trabalho e de como tudo era difícil naquela época. Tentou lembrar algumas letras, mas o ritmo não conseguia acompanhar a letra, como se existisse um abismo entre os dois. Entre a realidade do passado e a memória esmaecida no presente.
Na mesma Vila mora Claudino Pereira de Souza, 76 anos, nascido em Juiz de Fora. Ele foi morar com os pais desde cedo nas terras da usina de Outeiro e de lá não mais saiu. O Jongo para ele era atração dos fins de semana, mas determinado lembra que não existe mais a cultura e a obrigação da dança.

“Há muito tempo não escuto o barulho do tambor, se eu escutasse eu lembraria das letras. Lembraria do jeito de dançar e com certeza sentiria toda aquela emoção de novo. Hoje os jovens tomam cerveja e querem bagunça. Naquela época a dança valia a pena e era bonito de se ver”.

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