quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

8.2 - São José

A usina São José localizada em Goytacazes, fundada em 1920 pelo Coronel Francisco Ribeiro Vasconcelos, é o portal da Baixada Campista sendo a única que continua a moer cana para a produção de açúcar e álcool. Sua história foi marcada pelo apogeu, por volta dos anos 50 e, em função do esterroamento do Milagre Brasileiro, passou por momentos difíceis, mas persistindo a crise econômica foi intensa a queda na produção. Em 1916 estava entre as quatro maiores produtoras do município, junto com Poço Gordo, São João e Santa Cruz, embora esta última não fique na Baixada.
O funcionário Francisco de Oliveira, 61, não esconde nas mãos cheias de calo o cansaço dos dias quentes nos canaviais, os dias passados dentro da fábrica de açúcar e no aprendizado de todos esses anos em cada setor da indústria. Mas nem a idade fez Francisco parar de trabalhar. Aposentado não consegue largar a vida de operário que sempre teve.

“Estou no parque da usina desde os nove anos de idade. Entrei em junho de 1961, trabalhei no canavial ainda pequeno. Cortava cana e durante esses anos passei por vários setores. Para mim uma boa produção aconteceu entre 1968 a 1972, quando chegava a 700 mil sacas de açúcar. Mas, na década de 90 a usina chegou a 1 milhão. Isso aqui é minha vida, sem dúvida. Meu coração está aqui. Eu vi a construção, os momentos difíceis e agora está tudo bem, novamente”.

Superar a crise que as outras não conseguiram só aconteceu com a idéia de montar uma cooperativa. O modelo foi copiado do Paraná, Estado que possui 28 usinas, sendo 24 administradas com modelos de cooperativados. A iniciativa de reaproveitar as instalações da usina São José foi da Associação dos Plantadores de Cana de Campos (Asflucan). O arrendamento proposto é de 15 anos e o investimento é de R$ 5,2 milhões concedidos pelo Fundo de Desenvolvimento de Campos (Fundecam), órgão da prefeitura de Campos dos Goytacazes. O presidente da Coagro, Frederico Paes Rangel afirma que a Baixada lucrou muito com esse novo investimento:

“Pretendemos esmagar no ano que vem, 800 mil toneladas de cana. São cinco mil agricultores no ramo. Nosso próximo objetivo é ampliar o número de cooperados e a produção, e com isso, conseguir retomar parte da economia. Para o produtor não há outra opção senão buscar uma forma de beneficiar suas canas transformando-as em açúcar e álcool e comercializando diretamente com o mercado”.

A administração da prefeitura de Campos estava se preocupando com o expressivo fechamento de usinas na região, o aumento do desemprego e a evasão da mão-de-obra. Mas o que causava maior preocupação é a redução da receita (ICMS). De acordo com Frederico, uma usina com 600 mil toneladas representa a redução de aproximadamente 2 milhões e quatrocentos mil reais.

“Esse projeto conseguiu passar para o produtor uma tranqüilidade, a Coagro paga melhor e consegue monopolizar o preço sempre visando o melhor para o produtor de cana. Antes eles ficavam refém dos usineiros. Estamos oferecendo 1.300 empregos diretos e todo dinheiro fica no comércio local”.

Se o exemplo fosse seguido por outros parques industriais evitaria a falta de emprego e o surgimento do subemprego na região. Torna-se fundamental criar recursos para recuperar e investir na manutenção de unidades industriais, e conseqüentemente, criar novos empregos, não só para suprir a necessidade atual como se estruturar para o futuro.

Um comentário:

Átima Zoraide disse...

Vocês estão de parabéns!

Foi um resgate muito lindo da cultura e da história da baixada campista.

Descobri o blog por um trabalho do Colégio Cenecista de Goitacazes, no qual a professora Adélia pediu um trabalho sobre história de Goitacazes e minha sobrinha encontrou na net o seu blog.

É uma pena que é pouco divulgado!

P.S. Nas fotos de Lourival Quintanilha de Freitas e Amaro Ribeiro Filho os nomes estão trocados, meu pai Sr Adelino que me falou.

Parabéns

Átima Zoraide