quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

16.4 - Relatório da 4ª Expedição à Baixada Campista

Em nove de agosto de 2003, sábado, às 7 horas e 30 minutos, os alunos do Curso de Comunicação Social, envolvidos no Projeto do Mestre e Professor Orávio de Campos Soares, cujo título está descrito acima, realizaram a quarta excursão através da Baixada Campista com os mesmos objetivos das viagens anteriores, ou seja, o de procurar e encontrar informações a respeito das principais danças folclóricas que existiram na Baixada Campista.
Nesta quarta expedição, o grupo seguiu para a Baixada com Priscila da Silva Gonçalves, Rosália Maria Moreira, Paulo de Almeida Ourives, Andresa Alcoforado, Michelle Barros dos Santos, Raquel Correia de Freitas, Marco Antônio Lourenço, e o cinegrafista Osiel Azevedo.
O objetivo inicial nessa expedição era o de encontrar Ademardo Gama em São Sebastião, ao chegar ao lugarejo, o grupo foi informado que ele atualmente reside em Goitacazes, mas que o seu irmão, Adroaldo Azevedo Gama e sua esposa, Alair, ainda residem em São Sebastião. Ao chegar à residência do idoso, os estudantes foram informados que ele conhecia a Mazurca, o Fado e a Valsa, mora a 80 anos em São Sebastião, já teve uma olaria, que a maioria das pessoas que dançava com ele já morreu, e que normalmente as danças eram realizadas em casas de família.
Na segunda parada, o local foi a Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Campo Limpo, que é considerada como a primeira igreja do município de Campos, e D. Terezinha Nogueira da Paixão Barreto, 64 anos, disse que conhece um pouco da história da igreja, e acredita que ela tenha sido a primeira porque os Sete Capitães, quando chegaram à planície, vinham circundando o oceano, até que chegaram ao Farol e começaram a entrar para o interior, e nesse caso, ela julga que eles tenham construído a Igreja N. Sra. do Rosário de Campo Limpo, primeiro do que a de Donana. Ela em seguida, nos mostrou a imagem original da Santa, que é toda feita em madeira, mas pude perceber que há pedaços ou partes, feitas em gesso. A imagem apresenta também algumas falhas na parte de trás, talvez tenha sido vítima da ação dos cupins.
Na terceira parada, fomos até a residência de D. Irene Gama, de 71 anos, que reside em Saturnino Braga, e é uma pessoa de ótimo astral, muito brincalhona, que revelou que cantava músicas de Reis, não gosta de Mana-Chica e já dançou Mazurca, revelando que a Mazurca é cantada.
Na quarta parada, o grupo foi até Cazumbá, na residência de Antônio Mendonça Filho, 65 anos, que já dançou a Mana-Chica e o Lanceiro, segundo ele o modo de dançar e marcar da Quadrilha é diferente dos de hoje em dia. Para ele o casamento e a mudança de residência, é que foram fatores determinantes para o fim das danças tradicionais na Baixada Campista, além do fato de terem entrado outros ritmos e outros instrumentos, ele chegou a enfatizar a utilização do teclado, mas o teclado só começou a ser utilizado a menos de 10 anos.
Ele revelou também que existe uma diferença entre a Folia de Reis, e o Reis, quanto às danças e os bailes, eram realizados sempre nos finais de semana à noite.
Em São Martinho, local da quinta parada, o grupo procurou apenas pedir uma informação, o nome completo de uma jovem que havia conhecido algumas danças, e havia dado outras declarações, em uma das viagens anteriores. Seu nome é Laura Angélica da Silva Alves.
Em Mineiros, foi realizada a sexta parada, e o motivo desta ida era a marcação de uma data para que a D. Alaíde Vital, pudesse preparar o doce Fate (Farte), para que fosse feita uma filmagem.
Dali partimos para Bugalho, local da sétima parada, fomos ao encontro de Gil Roberto Lira, 50 anos, funcionário da Santa Casa de Misericórdia, que conhece entre coisas as danças que eram realizadas na Baixada, como o Fado, o Jongo, a Quadrilha. Segundo ele, seus bisavós, Manoel Balbino e Rita Balbino foram escravos na Fazenda do Colégio, e que além dele, Antônio Chagas, também conhece o Jongo, o Fado, a Mineira.
Na sua companhia, o grupo foi então até a residência de Rubens Ribeiro dos Santos, 60 anos, que mora a 25 anos em Bugalho e que havia morado a 35 anos no Solar do Colégio. Ele informou que seus pais nasceram e foram criados no Solar, e por conta disso, conhece algumas danças como o Jongo.
A nona parada foi em Goitacazes, na residência de Antônio Célio dos Santos Chagas, 49 anos, que lembra de muitas músicas e letras de Jongo, ele informou que a maioria das letras é guardada de memória. Ele foi nascido e criado no Solar do Colégio, e a maioria dos moradores é descendente de escravos.
Para ele, o Fado é descendente da tradicional dança portuguesa, e o Jongo possui sua origem no nordeste brasileiro, e esta última era a única diversão dos negros após as 18 horas. Ele contou que ao chegar do trabalho, já cansado e fatigado, os negros ouviam o rufar do tambor Corre-Mundo, se levantavam ainda cansados e começavam a dança do Jongo. Ele afirmou que o Coronel Sérgio Viana Barroso e João Viana Barroso, chamavam e colocavam os negros para dançar Fado no galpão do Solar. Ele confessou que tem o desejo de criar um grupo de Jongo, homenageando o nome do tambor, Corre-Mundo.
E finalmente como nada mais nos restava fazer, o grupo então decidiu retornar para casa, encerrando mais uma expedição à Baixada Campista.

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